"A psicologia tem um longo passado mas uma curta história." Herrmann Ebbinghaus



28/05/11

O fim da vida

Com o passar da idade e a escassez do tempo, os idosos confrontam-se com o aproximar da própria morte. Mas nem todos os idosos lidam da mesma forma com tal facto. Segundo Kubler-Ross, o indivíduo pode lidar da seguinte forma:
  • Negação
  • Irritação/raiva
  • Negociação
  • Depressão
  • Aceitação
    Ao aproximar-se dos seus últimos dias, o indivíduo sofre, ficando desesperado por saber o que o espera.


O Envelhecimento

Fala-se correntemente do envelhecimento como se tratando de um estado tendencialmente classificado de “terceira idade” ou ainda “quarta idade”. No entanto, o envelhecimento não é um estado, mas sim um processo de degradação progressiva e diferencial. Ele afecta todos os seres vivos e o seu termo natural é a morte do organismo. É, assim, impossível datar o seu começo, porque de acordo com o nível no qual ele se situa (biológico, psicológico ou sociológico), a sua velocidade e gravidade variam de indivíduo para indivíduo.


Mudanças:


Físicas:

  • Aparecimento de rugas e progressiva perda de elasticidade e viço da pele;
  • Diminuição da força muscular, da agilidade e da mobilidade das articulações;
  • Aparecimento de cabelos brancos e perda de cabelo entre os indivíduos do sexo masculino;
  • Redução da acuidade sensorial, da capacidade auditiva e visual;
  • Distúrbios no aparelho respiratório, circulatório;
  • Alteração da memória.

Psicossociais: 

  • Modificações afectivas e cognitivas: efeitos fisiológicos do envelhecimento; consciência da aproximação do fim da vida;
  • Suspensão da actividade profissional por aposentadoria: sensação de inutilidade; solidão; afastamento de pessoas de outras faixas etárias; segregação familiar; dificuldade económica; declínio no prestígio social, experiências e de valores e outras.

Funcionais:

  • Necessidade de pedir ajuda para executar tarefas simples do quotidiano.


      Desenvolvimento da Personalidade

      "Personalidade" é um conceito amplo e abrangente. É a organização permanente das predisposições do indivíduo dos seus traços característicos, motivações, valores e modos de ajustamento ao ambiente.

       
          Na vida adulta não existe tanta estabilidade como se acreditava antigamente. É uma idade de transformação.
          É verdade que a mudança acontece de uma forma mais pausada, num ritmo mais lento do que na infância ou na adolescência. No período compreendido entre os 5 e 15 anos de vida, ocorrem transformações mais notáveis do que em qualquer outro período adulto.
          Na questão sobre mudanças ou estabilidade no comportamento dos adultos, temos:
      • Processos básicos;
      • Tarefas de desenvolvimento que vão sendo propostas no decorrer da vida adulta;
      • A relativa semelhança do padrão de traços;
      • O desenvolvimento propriamente evolutivo e de maturação pessoal cumprida sob todos os níveis anteriores.
       A primeira dificuldade em que tropeça qualquer hipótese sobre estabilidade ou descontinuidade comportamental no longo prazo dos anos adultos está no modo de avaliá-la. Segundo Kagan (1981):
      • Persistência de uma qualidade psicológica ao longo do tempo.
      • Estabilidade “ipsativa”. Com mesmo Individuo.
      • Estabilidade “normativa”, por comparação com um grupo.
      • Semelhança funcional em comportamentos diferentes.
          O assunto torna-se ainda mais complicado, porque existem diferenças individuais no próprio facto de mudar ou não. Nesse relevo de estruturas, finalmente, os autores costumam ver ou traçar não só o desenvolvimento real das pessoas, mas também um esboço-modelo do desenvolvimento desejável, de um “bom” amadurecer ao qual aspirar.
          Tais estágios de progressiva maturidade na identidade pessoal caracterizam-se: o primeiro, pela reciprocidade de um conviver e compartilhar plenos em comunicação diante do isolamento; o segundo, pela geração de obras ou filhos diante do estancamento e da esterilidade na vida; o último, pela integridade de uma vida pródiga.

          Na idade adulta intermediária (até aos 60 anos), essas tensões amenizam-se e as pessoas tornam-se mais reflexivas e ajuizadas. É questionável a precisão cronológica dos períodos e das transições numa extensa idade em que os itinerários e não somente os ritmos das pessoas são cada vez mais divergentes.
          Evidentemente, não existe uma única crise da maturidade, da meia-idade, qualquer que seja a data em que for colocada. As crises costumam acontecer no meio e ao longo do caminho da vida adulta.
          Certamente, o elemento comum à crise da idade adulta reside na tomada de consciência de que a juventude já passou, de que muitas ilusões e expectativas não se cumpriram jamais. É dar-se conta das frustrações e das limitações da vida.

      Desenvolvimento Cognitivo

      Desenvolvimento cognitivo no início da vida adulta (20-30 anos):

      Como se formam os casais?
      A formação de casais dá-se através de:
      • Atracção inicial;
      • Reforço da relação;
      • Compromisso e intimidade;
          Tendo sempre por base a negociação de fronteiras e os estilos de comunicação.

      Intimidade vs Isolamento (18-30 anos):
       Promiscuidade vs Exclusão
           Nesta fase, o indivíduo depara-se com os “primeiros amores”. É por volta desta altura que o indivíduo estabelece relações afectivas …
           A psicologia descreve o amor como um fenómeno cognitivo e social. O psicólogo Robert Sternberg formulou uma teoria triangular do amor e discutiu que o amor tem três componentes diferentes: Intimidade, Compromisso, e Paixão.
          A Intimidade é a forma pela qual duas pessoas podem compartilhar segredos e vários detalhes de suas vidas pessoais. A intimidade é mostrada geralmente nas amizades e em romances românticos.
          O Compromisso, de um lado, é a expectativa que o relacionamento irá durar para sempre.
          A última e a mais comum forma do amor são atracção sexual e Paixão.
          Durante o amadurecimento de um relacionamento esses três pilares aparecem em maior ou menor grau. De acordo com o autor, um relacionamento baseado em um único elemento tem menos chances de sobreviver do que um baseado em dois ou mais.
         Nesta fase há um confronto com a Paternidade. Os adultos têm que aprender a educar e a serem educados; a (re)interpretar tudo o que lhes é transmitido, constituindo assim um ponto de partida para uma nova etapa da sua vida.
        Apesar de no inicio o casamento parecer correr às mil maravilhas, muitos homens e mulheres sentem pânico quando o assunto “casamento” se torna umaa ideia de estar presa a uma única pessoa, quando se deparam com as responsabilidades de se ser pai/mãe, com os conflitos entre esposa/marido, com as diferentes opiniões, etc. é por isso que também é nesta fase que regista o maior número de divórcios.

      Desenvolvimento do adulto e o trabalho (20 - 60 anos)

          A tipologia de interesses vocacionais de J. Holland, hegemónica no campo da psicologia vocacional, considera a escolha da carreira como expressão directa da personalidade. O modelo propõe seis tipos de interesse ou factores de personalidade vocacional:
      • Realista;
      • Investigativo;
      • Artístico,
      • Social;
      • Empreendedo;
      • Convencional.
          Holland sugeriu que as preferências vocacionais estão relacionadas às diferenças em capacidades e disposição para fazer transições de carreira. O mercado de trabalho actual requer profissionais adaptáveis e capazes de gerenciar as suas carreiras. Estes comportamentos podem ser descritos através dos conceitos de comprometimento e entrincheiramento de carreira. O comprometimento inclui a identificação com o trabalho e o planeamento da carreira. O entrincheiramento refere-se à imobilização do sujeito numa ocupação devido à falta de alternativas de carreira e ao medo da mudança. Adultos na meia-idade são propensos ao entrincheiramento devido à restrição das suas oportunidades de crescimento profissional neste período. É também nesta época que surgem as preocupações generativas. A generalidade significa o envolvimento do indivíduo com o bem-estar das próximas gerações e o seu desejo de ser lembrado na posteridade.
          Diferenças de personalidade têm sido associadas à adaptabilidade de carreira e à generatividade. A generatividade correlaciona-se positivamente com o comprometimento e negativamente com o entrincheiramento. Pessoas convencionais revelam menor generatividade em comparação com artísticas, sociais e empreendedoras. Na idade adulta média, pessoas investigativas mostram maior entrincheiramento do que empreendedoras e realistas. Pessoas empreendedoras mostram maior planeamento de carreira do que realistas e sociais. A adaptabilidade de carreira e a generatividade estão relacionadas a pessoas com interesse vocacional, corroborando a importância de factores de personalidade para o entendimento do desenvolvimento adulto. As implicações teóricas e práticas são discutidas.

      Maturidade

      Do ponto de vista científico, a maturação ou amadurecimento é o processo de desenvolvimento dos seres vivos ou suas partes no sentido de tornar o organismo apto para a reprodução. Em relação aos animais, diz-se que, nessa altura, eles atingem a maturidade. Os seres que ainda não atingiram a maturidade designam-se como "imaturos".
      Por outro lado, do ponto de vista “social”, uma pessoa torna-se madura a partir do momento em que possui as seguintes características:
      • Empregado;
      • Ser financeiramente independente;
      • Ser pai;
      • Independência e autonomia pedagógica;
      • Tomada de decisão independente;
      • Algum grau de estabilidade;
      • Sabedoria;
      • Fiabilidade;
      • Integridade;
      • Compaixão.
      Mas a questão que se põe é se alguém já pode ser considerado maturo antes de 'preencher' todos os 'requisitos', ou somente quando os atingir a todos? Ou será que há pessoas que mesmo com todas essas características, nos parecem imaturos simultaneamente?

      Estádios do Desenvolvimento Moral

      Com a colocação de dilemas semelhantes ao que apresentamos na nossa última publicação, Kohlberg definiu diferentes estados do desenvolvimento moral.



      Os estádios são os seguintes:

      Nível pré-convencional

          Estádio 1 - Orientação pela obediência e punição. Deferência egocêntrica face ao poder e à autoridade.
          Estádio 2 - Estádio da individualidade instrumental. Orientação egoísta. A acção correcta é aquela que satisfaz as necessidades do indivíduo e apenas ocasionalmente dos outros. Igualitarismo radical.
      • Para o estádio 1, o certo é a obediência cega às regras e à autoridade, de forma a evitar a punição. O que está certo é evitar a violação das regras e evitar danos físicos aos outros e à propriedade. As razões para fazer o que está certo é evitar a punição e os castigos. A criança neste estádio assume um ponto de vista meramente egocêntrico. Não considera os interesses dos outros e não relaciona vários pontos de vista em simultâneo.
      • Para o estádio 2, o certo é a satisfação das nossas necessidades. O que está certo é seguir as regras quando elas nos servem. O certo é a satisfação dos nossos interesses e necessidades. O certo é deixar os outros fazerem o mesmo. Neste estádio, a criança reconhece que os outros também têm interesses. A criança, neste estádio, assume uma perspectiva concreta individualista. Separa os seus interesses dos interesses dos outros. Os conflitos de interesses resolvem-se dando a todos uma parte igual.

      Nível convencional

          Estádio 3 - Orientação bom rapaz, linda menina. Orientação para a aprovação e para agradar aos outros. Conformidade aos estereótipos sociais.
          Estádio 4 - Orientação para a manutenção da ordem e da autoridade. Respeito pela autoridade e pelas expectativas que a sociedade deposita em nós.
      • Para o estádio 3, o certo é ser simpático, leal e digno de confiança. O adolescente, neste estádio, preocupa-se com as necessidades dos outros e procura cumprir as regras e as normas. O que está certo é viver de acordo com aquilo que os outros esperam de nós e fazer aquilo que os outros esperam que nós façamos. O adolescente, neste estádio, mostra gratidão e apreço pelas autoridades e procura ser digno dessa confiança. O adolescente, neste estádio, respeita a regra de ouro, isto é, reconhece a importância da reciprocidade e trata bem os outros porque espera que os outros também o tratem bem. Este estádio tem em conta tanto a perspectiva do indivíduo como a perspectiva dos outros. Uma pessoa, neste estádio, sabe partilhar sentimentos e sabe relacionar diferentes pontos de vista em simultâneo. É capaz de "calçar os sapatos dos outros", isto é, sabe colocar-se no papel dos outros.
      • Para o estádio 4, o certo é cumprir o dever para com a sociedade, manter a ordem social e velar pelo bem estar de todos. As leis são para serem cumpridas e a sociedade espera que cada um dê o seu contributo para o bem estar geral. A razão para fazer o que está certo é ajudar a manter a ordem social e o bom funcionamento das instituições. Este estádio distingue os pontos de vista da sociedade dos pontos de vista dos grupos e dos indivíduos. Uma pessoa, neste estádio, assume o ponto de vista do sistema e considera as relações interpessoais em termos do seu lugar no sistema.

      Nível pós-convencional

          Estádio 5 - Orientação contratual legalista. O dever é definido em termos de contrato. Deferência para o bem-estar dos outros e pelo cumprimento dos contratos.
          Estádio 6 - Orientação pelos princípios éticos. A acção é conforme a prinicípios universais. Primado da consciência individual e pelo cumprimento do dever.
      • Para o estádio 5, a escolha moral é baseada nos direitos básicos, nos contratos legais e nos valores morais, mesmo quando há conflito com as leis ou as regras do grupo. O que está certo é ter consciência que as pessoas nem sempre partilham os mesmos valores e que, por vezes, as leis e as regras do grupo são injustas e não merecem, portanto, ser obedecidas. A razão para fazer o que está certo reside na necessidade de respeitar os contratos e os direitos dos outros. Neste estádio, a pessoa toma decisões ma base do maior bem para o maior número. Neste estádio, há verdades mais importantes que os interesses da sociedade. A pessoa, neste estádio, considera o ponto de vista legal e o ponto de vista dos outros e procura reconhecer o conflito entre eles, de forma a fazer escolhas que tragam o maior bem para o maior número.
      • Para o estádio 6, o certo é o que obedece aos princípios éticos universais. As leis ou os contratos e acordos sociais são válidos sempre que respeitam esses princípios. Quando a lei viola os princípios éticos, a pessoa deve agir de acordo com os princípios éticos, ainda que tenha de violar as leis. Os princípios éticos relacionam-se coma noção de justiça, dignidade humana, direitos humanos e igualdade de direitos. A razão para fazer o que está certo é que a pessoa reconhece a validade dos princípios e procura cumpri-los. Este estádio reconhece que os princípios de justiça não são apenas produtos da sociedade para resolver eficazmente os conflitos, mas sobretudo o reflexo de uma ordem natural que reside tanto na natureza humana como na ordem cósmica. Estes princípios são eternos e universais, no sentido de que são um produto do desenvolvimento da natureza humana. Estão, por isso, presentes em todas as sociedades e em todas as culturas. A interacção do sujeito com o meio pode ser necessária para revelar o princípio da justiça, mas não é essa interacção que cria o princípio. O princípio ético é prévio à sociedade. É uma categoria a priori no sentido kantiano.

      Dilemas

      Foi-nos apresentado na aula o seguinte dilema de Kohlberg:
      “Uma mulher estava a morrer com um tipo especial de cancro. Havia um medicamento que podia salvá-la. Era um medicamento que um farmacêutico, na mesma cidade, descobrira recentemente. A manipulação do medicamento era cara, mas o farmacêutico cobrava mais 10 vezes mais do que o preço do custo. Pagava 100€ e cobrava 2.000€ por uma pequena dose de medicamento. O marido da senhora doente, Heinz, recorreu a toda a gente que conhecia para pedir o dinheiro emprestado, mas só reuniu 1.000€, que era apenas metade do custo. Disse ao farmacêutico que a sua mulher estava a morrer e pediu para o vender mais barato, ou se podia pagá-lo mais tarde. Mas o farmacêutico disse “Não, descobri o medicamento e vou fazer dinheiro com ele”. Então, Heinz fica desesperado e pensa em assaltar a loja do homem e roubar o medicamento para a sua mulher."
       
      Colocam-se então as seguintes questões:

      i. Heinz devia roubar?
      ii. Se Heinz não amasse a sua mulher, deveria roubar o medicamento para ela?
      iii. E se a pessoa doente não fosse a sua mulher, mas uma pessoa estranha, Heinz ainda assim deveria roubar o medicamento?
      iv. E se em vez de uma pessoa estranha, quem estivesse com cancro fosse um animal de estimação de que muito gostava?

      “Heinz assaltou a loja. Roubou o medicamento e deu-o à mulher. No dia seguinte, a notícia do roubo vinha nos jornais. O senhor Brown, um polícia que conhecia Heinz, leu a notícia. Lembrou-se que tinha visto Heinz a sair a correr da loja e percebeu que fora Heinz quem roubara o medicamento. O senhor Brown perguntou a si mesmo se devia comunicar se era Heinz o ladrão.”
       
      Novamente, surgem mais uma pergunta:

      i. O polícia Brown deveria acusar o Heinz de roubo ou ir contra o seu código deontológico?

      “O polícia Brown encontra Heinz e prende-o. Heinz é levado a tribunal e é organizado um júri. O trabalho do júri é descobrir se uma pessoa é culpada ou inocente. O júri considera Heinz culpado. Ao juiz compete determinar a sentença.”
       
      Cria-se uma nova série de perguntas:

      i. Deve o juiz sentenciar ou deve suspender a sentença e libertar Heinz? Porquê?
      ii. O que cada um de nós faria no lugar de Heinz? Escolheria a opção pela vida e roubava o medicamento ou escolheria a lei?
      iii. E se estivesse no lugar de Brown? Escolheria a lei ou a amizade?
      iv. E se fosse o juiz?
       
      Assim, podemos abordar o tema do dilema moral. Este caracteriza-se por ser uma situação na qual reivindicações, direitos ou pontos de vista conflituosos podem ser identificados.     Tanto os dilemas hipotéticos como os dilemas que retratam a vida real, apresentam vantagens no desenvolvimento do pensamento e reflexão morais.
          Dilemas hipotéticos não possuem uma carga emocional tão grande quanto dilemas relacionados à vida real, uma vez que nesse caso, não se está envolvido pessoalmente na situação. Existe algum distanciamento emocional entre o indivíduo e a história, sendo tidas essas questões impessoais como um tanto mais simples de serem resolvidas. Sabe-se com elas, que ninguém sofrerá pessoalmente uma consequência real, independente da decisão que for tomada. A razão, nesse tipo de dilema é visivelmente predominante.
          Por outro lado, os dilemas da vida real também oferecem certas vantagens para a discussão. Geralmente ocorrem de maneira espontânea, no próprio meio de convívio do indivíduo, tornando, na maioria das vezes, as situações familiares para este. Este tipo de dilema também oferece a vantagem de ter consequências que o próprio indivíduo pode reconhecer e avaliar com relativa facilidade.

      Kohlberg e a Moralidade

         A teoria de Kohlberg é um dos exemplos mais significativos de uma teoria moral centrada na defesa dos princípios éticos e preocupada com o desenvolvimento do raciocínio moral, em vez da defesa das convenções sociais, regras de conduta e leis.
      • O que é que Kohlberg entende por princípio ético?
          É um procedimento ou um conjunto de orientações para habilitar a pessoa ao confronto de escolhas morais alternativas. Constitui uma forma universal de tomada de decisões morais, com base na lógica formal e na razão. O princípio ético constitui um padrão universal que orienta a reflexão sobre questões morais. Por outro lado, o princípio ético refere-se a uma forma mais avançada e mais madura de encarar o conceito de justiça, o qual, no entender de Kohlberg, define o ponto de vista moral. De uma certa forma, o princípio ético significa duas coisas: um procedimento racional para orientar a reflexão sobre questões morais e um conteúdo identificável com o conceito de justiça.


      • O que é que Kohlberg entende por justiça?
          A justiça é o mesmo que igualdade e universalidade dos direitos humanos. A justiça é tratar, com igualdade, todas as pessoas, independentemente da sua posição social. É tratar cada pessoa como um fim e não como um meio. É o mesmo que o respeito pela dignidade humana e pressupõe o respeito pela reciprocidade. A justiça pressupõe a preocupação pelo bem estar dos outros, de uma certa forma é o mesmo que o maior bem para o maior número (Kant).
          Kohlberg rejeita quer a ideia de que a moralidade é a expressão das normas do grupo quer a ideia de que a moralidade é uma questão de gosto e de preferência individual. Os princípios éticos não derivam da sociedade ou da cultura, eles são autónomos, fazem parte da natureza humana e estão inscritos na ordem cósmica.
          Conhecida como teoria cognitivo-desenvolvimentista, a teoria de Kohlberg concede um lugar central à cognição no processo de desenvolvimento moral. Alguns críticos acusam-no de conceder uma demasiada importância à cognição, desvalorizando o papel das emoções, dos sentimentos e dos hábitos.



          Kohlberg defende ainda que o desenvolvimento moral deve ser visto em termos de desenvolvimento de certas formas ou estruturas de pensamento e não em termos de transmissão de conteúdos morais ou de formas de conduta. O hábito, o conteúdo moral e a acção têm pouco a ver com o estádio do desenvolvimento moral. A complexidade do raciocínio e o nível da justificação para as escolhas morais são as componentes mais importantes no processo de atribuição de um estádio do desenvolvimento moral a uma pessoa. Em vez da ênfase nos conteúdos e nos comportamentos, a teoria de Kohlberg centra-se na forma, na estrutura e no processo de pensamento.

      Kohlberg

      Para consultar a sua biografia, clique no link seguinte: Lawrence Kohlberg.

      Erikson e a Teoria do Desenvolvimento Psicossocial

          Erik Homburger Erikson foi um psiquiatra responsável pelo desenvolvimento da Teoria do Desenvolvimento Psicossocial na Psicologia e um dos teóricos da Psicologia do Desenvolvimento.
          Para mais informações sobre Erikson, consultar o seguinte link: Erik Erikson.
          Para Erikson, o plano potencial de desenvolvimento é definido segundo uma sequência de oito idades do ciclo de vida, atravessadas por crises psicossociais.


          Iremos assim apresentar essas idades e as respectivas crises:

      1º Idade (0-18 meses) - Confiança Vs. Desconfiança


          Nesta idade, a criança vai aprender o que é ter ou não confiança. Esta confiança está muito relacionada com a interacção do bebé com a mãe.

          As mães criam nos filhos um sentimento de confiança através daquele tipo de tratamento que na sua qualidade combina o cuidado sensível das necessidades individuais da criança e um firme sentimento de fidedignidade pessoal dentro do arcaboiço do estilo de vida da sua cultura. Isso cria na criança a base para um sentimento de ser aceitável, de ser ela mesma, e de se converter no que os demais confiam que chegará a ser.

          As virtudes básicas que resultam desta crise são a esperança e o impulso.

      2º Idade (18 meses - 3 anos) - Autonomia Vs. Dúvida e vergonha


          Este período é dominado pela contradição entre a autonomia e o exercício de uma vontade própria, constituído pela dúvida e vergonha de quem se pode “expor” demasiado quando ainda se é tão dependente. A criança precisa de poder experimentar e de se sentir protegida no processo de autonomização.

          As virtudes básicas que resultam desta crise são a força de vontade e o auto-controlo.

      3ºidade (3- 6 anos) Iniciativa Vs. Culpa


          Retoma-se a problemática da fase anterior de forma mais amadurecida. Esta idade relaciona-se com a fase fálica da psicanálise, pois as crianças estão interessadas pelas diferenças sexuais e tem um ego que se relaciona com os outros de forma muito intrusiva. A culpa é descrita como interiorizada, internalizada.
         As virtudes básicas que resultam desta crise são o propósito e a direcção.

      4º Idade (6 – 12 anos) - Indústria Vs. Inferioridade


          Erikson utiliza a palavra indústria no sentido de produtividade, de desenvolvimento, de competência. A partir de estudos antropológicos, conclui que, nesta fase, em várias culturas, se fazem importantes aprendizagens sociais. A escola tem por função ensinar o “padrão de acção da sua sociedade”
      O versus negativo é o sentimento de inferioridade e de inadequação que lhe advém de não se sentir reconhecida nem segura no seu papel no grupo social a que pertence.

          As virtudes básicas que resultam desta crise são a capacidade e o método.

      5ºIdade (12- 18/20 anos) - Identidade Vs. Difusão/Confusão


          É a idade onde, na vertente positiva, o adolescente vai adquirir uma identidade pessoal e psicossocial, isto é, entende a sua singularidade, o seu papel no mundo.
          As fases anteriores deixaram marcas que influenciarão a forma com se lida com esta crise.
          O versus negativo refere os aspectos de confusão de quem ainda não se encontrou a si próprio, não sabe o que quer e tem dificuldade em fazer opções.
          As virtudes básicas que resultam nesta crise são a fidelidade e a devoção.

      6ºIdade (18/20 - 30 anos) - Intimidade Vs. Isolamento


          É a idade de jovem adulto que, com uma identidade assumida, poderá criar relações de intimidade com os outros.

          Assim, o adulto jovem, anseia e dispõe-se a fundir a sua identidade com os outros. Está preparado para a intimidade, isto é, a capacidade de se confiar a filiações e associações concretas e de desenvolver a força ética necessária para ser fiel a essas ligações, mesmo que elas imponham sacrifícios e compromissos significativos.

          A vertente negativa é o isolamento de quem não consegue partilhar afectos com intimidade nas relações privilegiadas.
          As virtudes básicas desta crise são o amor e a filiação.

      7º Idade (30 – 60 anos)- Generalidade Vs. Estagnação


          
          A generalidade é a fase de afirmação pessoal e de desenvolvimento das potencialidades do ego, nomeadamente no mundo do trabalho e de interesse pelos outros. A pessoa sente-se madura para transmitir mensagens às gerações seguintes. Ter filhos é, frequentemente, um desejo que se insere nesta relação com o mundo.

          A vertente positiva é o sentimento de que se tem coisas interessantes a passar às gerações seguintes. A vertente negativa é a concentração nos seus interesses próprios e superficiais, a estagnação.
         As virtudes básicas que resultam desta crise são o cuidado e a produção.

      8ºIdade (depois dos 65 anos) – Integridade Vs. Desespero

          Embora consciente da relatividade dos diversos estilos de vida que deram significado ao esforço humano, o possuidor de integridade está preparado para defender a dignidade do seu próprio estilo de vida contra todas as ameaças físicas e económicas. O desespero é a vertente negativa que advém quando se renega a vida, mas se sabe que já não se pode recomeçar uma nova existência.
          As virtudes básicas que resultam desta crise são a sabedoria e a renúncia.

      17/05/11

      A Adolescência

      "A adolescência é um período de mudanças significativas, como o crescimento físico e a transição psicossocial, que geralmente engloba a segunda década da vida"


               O crescimento normal durante a adolescência inclui a maturação e o aumento do tamanho do corpo. O ritmo e a velocidade destas mudanças variam de pessoa para pessoa e são condicionados por factores hereditários e ambientais. A maturidade física inicia-se, na actualidade, mais cedo do que há um século, provavelmente devido à melhoria da nutrição, da saúde em geral e das condições de vida. 
                 A maioria dos jovens, rapazes e raparigas, alcança durante a adolescência o peso e a altura da idade adulta. No entanto, dois adolescentes que ficam com a mesma altura na idade adulta poderão ter levado um tempo consideravelmente diferente para alcançá-la. O aumento repentino de crescimento nos rapazes acontece entre os 13 e os 15 anos e meio e pode esperar-se um aumento de 10 cm no ano de máximo crescimento. O crescimento máximo nas raparigas acontece entre os 11 e os 13 anos e meio, com um aumento de 9 cm durante o ano de máximo crescimento. Geralmente, os rapazes são mais fortes e mais altos relativamente às raparigas. Com 18 anos, aos rapazes falta crescer aproximadamente 2 cm e às raparigas um pouco menos. Os ossos, os músculos e todos os órgãos crescem, exceptuando o sistema linfático, que diminui. O cérebro alcança o seu peso máximo durante esta fase.


                 

      As mudanças sexuais geralmente avançam sequencialmente. Nos rapazes, as primeiras mudanças sexuais são o crescimento do escroto e dos testículos, seguido pelo alongamento do pénis e pelo crescimento das vesículas seminais e da próstata. A seguir surgem os pêlos púbicos. Os pêlos das axilas e a barba aparecem aproximadamente dois anos depois de começarem a surgir os pêlos púbicos. A primeira ejaculação acontece, habitualmente, entre os 12 anos e meio e os 14, aproximadamente um ano depois de o pénis ter começado a crescer longitudinalmente. O momento preciso da primeira ejaculação é determinado por uma combinação de factores psicológicos, culturais e físicos.       O crescimento dos seios (ginecomastia) de um ou ambos os lados é frequente nos rapazes jovens, mas costuma desaparecer ao fim de um ano.
                  Na maioria das raparigas, o primeiro sinal vísivel de maturação sexual é o despontar       dos seios, seguido pelo crescimento dos mesmos. Pouco depois aparecem os pêlos púbicos e axilares. O primeiro período menstrual geralmente aparece dois anos depois do início do aumento dos seios. A altura aumenta mais antes do início da menstruação



                Alguns adolescentes não iniciam o desenvolvimento sexual na idade habitual. Um atraso pode ser perfeitamente normal e talvez o desenvolvimento tardio seja uma característica familiar. Nestes adolescentes, o índice de crescimento antes da puberdade é geralmente normal. Embora o crescimento e a maturação sexual sejam tardios, posteriormente continuam de forma normal. 
                Os sintomas de maturação sexual tardia são, nos rapazes, a ausência do aumento testicular até aos 13 anos e meio, a falta de pêlos púbicos até aos 15 ou então quando passam mais de 5 anos desde o início do crescimento genital até ao final do processo. Nas raparigas, os sintomas são a falta de desenvolvimento dos seios até aos 13 anos, passarem mais de 5 anos desde o início do crescimento das mamas até ao primeiro período menstrual, a ausência de pêlos púbicos até aos 14 anos ou a ausência de menstruação até aos 16. A altura reduzida (baixa estatura) pode indicar maturação tardia tanto nos rapazes como nas raparigas. 

            
                        Por sua vez, na puberdade precoce verdadeira, as glândulas sexuais (ovários ou testículos) atingem a maturidade mais cedo que o normal, e o aspecto físico da criança assemelha-se ao de um adulto. Os pêlos púbicos crescem e a forma do corpo da criança muda. Na puberdade pseudoprecoce, só o aspecto físico se torna adulto, enquanto as glândulas sexuais continuam imaturas.
                      A puberdade precoce verdadeira é mais frequente, entre duas a cinco vezes, nas raparigas do que nos rapazes. 


                     Todo este processo não só altera determinados componentes físicos nos adolescentes, mas sim também as suas atitudes e comportamentos. Esta mudança de atitudes irá diferenciar consoante a pessoa e, também, consoante o sexo.
                      As raparigas são estereotipadas como sentimentalistas, emotivas, afectuosas, sensíveis e frágeis. Enquanto que os rapazes demonstram mais interesse na componente física, sexual, sendo mais "despregados" da parte sentimentalista, romântica.
                       Esta diferença explica-se devido à ansiedade por parte dos rapazes relativamente ao seu próprio desempenho.
                        Por exeplo, no caso dos rapazes, estes geralmente têm uma inteligência mais racional, abstracta, simples, segura e sintáctica, enquanto que as raparigas possuem uma inteligência mais concreta, intuitiva, complicada e mais afectada pela análise e pela autocrítica; o que leva a que elas se sintam incompreendidas.


                                              
                 
              Concluindo, haverá sempre atritos e amizades, amores e ódios, dias bons e dias menos bons. As diferenças serão sempre visíveis, mas com a idade os adolescentes tendem a completar-se, e passam grande parte do seu percurso de vida e autodescobrirem-se (tarefa essa que não é fácil).
               O segredo para aceitar todas as mudanças e diferenças é tolerância e paciência, pois podemo-nos sentir todos diferentes, mas vamos aceitar também as diferenças dos outros.       



              

      Desevolvimento Motor

      O neurónio é uma célula nervosa e a estrutura básica do sistema nervoso. Estes processam e transmitem a informação através de sinais electroquímicos. O neurónio é composto pelo corpo celular, dendrites, axónio e terminal do axónio. Por vezes os axónios são cobertos por uma bainha isolante de mielina que permite que o impulso nervoso se transmita mais rapidamente.


      otorrâna iaabetes. Em pesquisass acçtençoce  Os bebaturaçtividades reflexas.oso se transmita mais rapidamente
                      A mielinização do sistema nervoso não está completa na altura do nascimento, por isso ocorrem muitos curto-circuitos nos impulsos neuronais dos bebés, o que explica as suas acções reflexas. O funcionamento do córtex cerebral só é possível por volta dos 2 anos de idade continuando a sua maturação até aos 12/15 anos.
                      Existe uma sequência de aprendizagem das capacidades motoras: Os bebés seguram a cabeça, sentam-se sem apoios, gatinham e depois andam. A idade pode ser ligeiramente diferente mas todas as crianças passam pela mesma sequência de aprendizagem.

      Conhecem-se 3 regras gerais do desenvolvimento motor:
      1- Progressão céfalo-caudal
      2- Progressão proximodistal
      3- Progressão de acção concentrada para especifica
      O desenvolvimento motor é influenciado pela maturação biológica que é estimulada pela prática. A prática precoce é, assim, um factor chave para a manutenção e o futuro desenvolvimento das acções. Outro dos factores do desenvolvimento motor é o sono.



                             

      O que é o sono?

      Sono é o nome dado ao repouso que fazemos em períodos de cerca de 8 horas em intervalos de cerca de 24 horas. Durante esse período o nosso organismo realiza funções importantíssimas com consequências directas à saúde como: o fortalecimento do sistema imunitário, secreção e liberação de hormonas (hormonas de crescimento, insulina e outros), consolidação da memória e o relaxamento e descanso dos músculos.





       Curiosidade:

      Num estudo realizado pela Universidade de Chicago – EUA, onze pessoas com idades compreendidas entre 18 e 27 anos foram impedidas de dormir mais de quatro horas durante seis dias. O efeito foi assustador! No final do período, o funcionamento do organismo destas era comparado ao de uma pessoa de 60 anos de idade e os níveis de insulina eram semelhantes aos dos portadores de diabetes. Em experiências de laboratório, foram usados ratos como cobaias que não aguentaram mais de dez dias sem dormir. A consequência foi a morte por infecção generalizada.