"A psicologia tem um longo passado mas uma curta história." Herrmann Ebbinghaus



28/05/11

Dilemas

Foi-nos apresentado na aula o seguinte dilema de Kohlberg:
“Uma mulher estava a morrer com um tipo especial de cancro. Havia um medicamento que podia salvá-la. Era um medicamento que um farmacêutico, na mesma cidade, descobrira recentemente. A manipulação do medicamento era cara, mas o farmacêutico cobrava mais 10 vezes mais do que o preço do custo. Pagava 100€ e cobrava 2.000€ por uma pequena dose de medicamento. O marido da senhora doente, Heinz, recorreu a toda a gente que conhecia para pedir o dinheiro emprestado, mas só reuniu 1.000€, que era apenas metade do custo. Disse ao farmacêutico que a sua mulher estava a morrer e pediu para o vender mais barato, ou se podia pagá-lo mais tarde. Mas o farmacêutico disse “Não, descobri o medicamento e vou fazer dinheiro com ele”. Então, Heinz fica desesperado e pensa em assaltar a loja do homem e roubar o medicamento para a sua mulher."
 
Colocam-se então as seguintes questões:

i. Heinz devia roubar?
ii. Se Heinz não amasse a sua mulher, deveria roubar o medicamento para ela?
iii. E se a pessoa doente não fosse a sua mulher, mas uma pessoa estranha, Heinz ainda assim deveria roubar o medicamento?
iv. E se em vez de uma pessoa estranha, quem estivesse com cancro fosse um animal de estimação de que muito gostava?

“Heinz assaltou a loja. Roubou o medicamento e deu-o à mulher. No dia seguinte, a notícia do roubo vinha nos jornais. O senhor Brown, um polícia que conhecia Heinz, leu a notícia. Lembrou-se que tinha visto Heinz a sair a correr da loja e percebeu que fora Heinz quem roubara o medicamento. O senhor Brown perguntou a si mesmo se devia comunicar se era Heinz o ladrão.”
 
Novamente, surgem mais uma pergunta:

i. O polícia Brown deveria acusar o Heinz de roubo ou ir contra o seu código deontológico?

“O polícia Brown encontra Heinz e prende-o. Heinz é levado a tribunal e é organizado um júri. O trabalho do júri é descobrir se uma pessoa é culpada ou inocente. O júri considera Heinz culpado. Ao juiz compete determinar a sentença.”
 
Cria-se uma nova série de perguntas:

i. Deve o juiz sentenciar ou deve suspender a sentença e libertar Heinz? Porquê?
ii. O que cada um de nós faria no lugar de Heinz? Escolheria a opção pela vida e roubava o medicamento ou escolheria a lei?
iii. E se estivesse no lugar de Brown? Escolheria a lei ou a amizade?
iv. E se fosse o juiz?
 
Assim, podemos abordar o tema do dilema moral. Este caracteriza-se por ser uma situação na qual reivindicações, direitos ou pontos de vista conflituosos podem ser identificados.     Tanto os dilemas hipotéticos como os dilemas que retratam a vida real, apresentam vantagens no desenvolvimento do pensamento e reflexão morais.
    Dilemas hipotéticos não possuem uma carga emocional tão grande quanto dilemas relacionados à vida real, uma vez que nesse caso, não se está envolvido pessoalmente na situação. Existe algum distanciamento emocional entre o indivíduo e a história, sendo tidas essas questões impessoais como um tanto mais simples de serem resolvidas. Sabe-se com elas, que ninguém sofrerá pessoalmente uma consequência real, independente da decisão que for tomada. A razão, nesse tipo de dilema é visivelmente predominante.
    Por outro lado, os dilemas da vida real também oferecem certas vantagens para a discussão. Geralmente ocorrem de maneira espontânea, no próprio meio de convívio do indivíduo, tornando, na maioria das vezes, as situações familiares para este. Este tipo de dilema também oferece a vantagem de ter consequências que o próprio indivíduo pode reconhecer e avaliar com relativa facilidade.

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